Desenvolvimento da adolescência


Assim como as várias teorias psicológicas a respeito do Desenvolvimento Humano, que tentam reconstituir, a partir de diferentes metodologias e pontos de vista, as condições de produção da representação do mundo, de suas vinculações com as visões de mundo e de Homem dominantes em cada momento histórico da sociedade, a Teoria de Jean Piaget também segue essa linha de raciocínio, mas com uma inovação que é a Linha Interacionista.   Esta linha tenta integrar duas posições dicotômicas que permeiam a Psicologia em geral, o Materialismo Mecanicista e o Idealismo. Ambas são marcadas pelo antagonismo inconciliável de seus postulados que separam o físico e o psíquico (mente x corpo; subjetivo x objetivo). Essa integração é feita através da Epigênese argumentando que “o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas”. (Piaget, 1976) A teoria piagetiana trouxe, principalmente, contribuições práticas para a Educação, mesmo a intenção de Piaget não sendo sido inicialmente de formular uma teoria sobre a aprendizagem. Suas teorias visam, conforme Coll e Gilliéron, “compreender como o sujeito se constitui enquanto sujeito cognitivo, elaborador de conhecimentos válidos”. Piaget divide o processo evolutivo humano em quatro períodos, que são caracterizados por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor, no decorrer das faixas etárias ao longo do desenvolvimento. Cada uma das fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental, que possibilitam as diferentes maneiras de o individuo relacionar-se com a realidade a qual está inserido.

1º Período: Sensório-motor ( 0 a 2 anos)

2º Período: Pré-operatório (2 a 7 anos)

3º Período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)

4º Período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)

Obs: Os anos de permanência em cada fase podem variar de individuo para individuo, de acordo com seu aspecto biológico e também com o meio em que esta vivendo.

Focando no período das operações formais (12 anos em diante), aqui, o adolescente amplia suas conquistas da fase anterior, conseguindo raciocinar sobre hipóteses na medida em que ele é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Rappaport diz que adquirem “capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos codigos de conduta: discutem os valores morais de seus pais e constroem os seus próprios, tornando-se assim mais autônomos. Piaget diz que nesta fase o individuo encontra a forma final de equilíbrio, consegue alcançar o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta, mas não que aconteça alguma estagnação nas funções cognitivas, a partir deste ápice seu desenvolvimento posterior ampliará em conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas seu raciocínio, seu funcionamento mental, não terá novos métodos. Seguindo ainda com a adolescência, Piaget, assim como para o desenvolvimento cognitivo, formula fases para o desenvolvimento da moral que são de acordo com os estágios do desenvolvimento humano. Piaget (1977), “toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras”. Ele entende que o desenvolvimento moral abrange três fases:

1ª Fase: Anomia (até aos 5 anos) que compreende que as regras são seguidas, mas o individuo não é mobilizado pelas relações de BEM x MAL e sim pelo sentido de dever.

2ª Fase: Heteronomia (dos 5 aos 9 ou 10 anos) em que a moral é uma autoridade, as regras não são um acordo, ela é imposta, é imutável, tradicional e obrigatória.

3ª Fase: Autonomia é o ultimo estágio do desenvolvimento da moral,ocorre a legitimação das regras, a moral é pensada pela reciprocidade, há um regime de cooperação entre os indivíduos de determinado meio.