Crises no ambiente de trabalho


Nos últimos anos, particularmente depois da década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora e do próprio movimento operário inglês. O entendimento dos elementos constitutivos desta crise é de grande complexidade, uma vez que, neste mesmo período, ocorrem mutações intensas, de ordens diferenciadas e que no seu conjunto, acabaram por acarretar conseqüências muito fortes no interior do movimento operário, e, em particular, no âmbito do movimento sindical. O entendimento deste quadro, portanto, supõe uma análise da totalidade dos elementos constitutivos deste cenário, empreendimento ao mesmo tempo difícil e imprescindível, que não pode ser tratado de maneira nenhuma. Fundamentalmente, essa forma de produção flexibilizada busca a adesão de fundo, por parte dos trabalhadores, que devem abraçar, de corpo e alma, o projeto do capital. Procura-se uma forma daquilo que chamei, em Adeus ao trabalho, de envolvimento elevado ao limite, no qual o capital busca o consentimento e a adesão dos trabalhadores, no interior das empresas, para viabilizar um projeto que é aquele desenhado e concebido segundo os fundamentos exclusivos do capital.Quais são as conseqüências mais importantes destas transformações no processo de produção e como elas afetam o mundo do trabalho Podemos, de modo indicativo, mencionar as mais importantes diminuição do operariado manual, fabril, concentrado, típico do que se chamou de regulação social-democrática aumento acentuado das inúmeras formas de trabalho parcial, temporário, sub-contratado, terceirizado, e que tem se intensificado em escala mundial, tanto nos países do Terceiro Mundo, como, também nos países centrais, aumento expressivo do trabalho feminino no interior da classe trabalhadora, em escala mundial, aumento este que tem suprido principalmente o espaço do trabalho subcontratado, terceirizado, enorme expansão dos assalariados médios, especialmente no setor de serviços, que inicialmente aumentaram em ampla escala mas que vem presenciando também níveis de desemprego tecnológico de exclusão dos trabalhadores jovens e dos trabalhadores velhos em torno de 45 anos do mercado de trabalho dos países centrais; intensificação e super exploração do trabalho, com a utilização brutalizada do trabalho dos imigrantes, e expansão dos níveis de trabalho infantil, sob condições criminosas, em tantas partes do mundo, como Ásia, América Latina, há, em níveis explosivos, um processo de desemprego estrutural que, junto com o trabalho que, atinge cerca de 1 bilhão de trabalhadores.